Pois é, cadernetas de viagem, cadernos de receita e agendas de papel ainda são formas de mantermos viva a escrita à mão, em tempos de smartphone, magia contemporânea em que cabe o mundo. Interessante é que, nesses três elementos, os registros são muito singulares, e expressam a identidade de quem escreve tanto pelo conteúdo quanto pela caligrafia.
Anotações viajeiras, como abordei ontem, receitas culinárias do caderno com manchas de farinha e de gordura, agenda com rabiscos e rasuras, palavras apressadas, notas dos compromissos e demandas do dia, da semana, do mês, do ano: todas são possibilidades de expressão de aspectos individuais, e para fixá-los escolhemos nossa letra.
Eu poderia citar, sem dúvidas, outros recursos, hoje quase antiquados: as cartas, os cartões em datas comemorativas, as agendas de telefones e endereços, os antigos diários, ou até mesmo aquelas agendas da adolescência com colagens e descrição minuciosa de cada evento romântico. E uma das formas que permanece viva é aquela das anotações nas páginas de livros, hábito que identifica o leitor em seu processo de interação com a obra. É possível compreender esses exemplos como uma espécie de preservação da subjetividade em uma dada época da história pessoal, pois o tempo vivido fica cristalizado através do texto manuscrito.
Anotações viajeiras, como abordei ontem, receitas culinárias do caderno com manchas de farinha e de gordura, agenda com rabiscos e rasuras, palavras apressadas, notas dos compromissos e demandas do dia, da semana, do mês, do ano: todas são possibilidades de expressão de aspectos individuais, e para fixá-los escolhemos nossa letra.
Eu poderia citar, sem dúvidas, outros recursos, hoje quase antiquados: as cartas, os cartões em datas comemorativas, as agendas de telefones e endereços, os antigos diários, ou até mesmo aquelas agendas da adolescência com colagens e descrição minuciosa de cada evento romântico. E uma das formas que permanece viva é aquela das anotações nas páginas de livros, hábito que identifica o leitor em seu processo de interação com a obra. É possível compreender esses exemplos como uma espécie de preservação da subjetividade em uma dada época da história pessoal, pois o tempo vivido fica cristalizado através do texto manuscrito.
Estamos ali, na página: a nossa caligrafia nasce do nosso corpo.
Assim, a escrita à mão é uma experiência de encontro com a própria letra, com os gestos e movimentos específicos de cada um. Sim, está quase fora de moda, mas tem havido, ultimamente, a tendência ao retorno dessa prática. Tenho lido e acompanhado materiais sobre os benefícios da escrita à mão, em bullet journals e na retomada de hábitos antigos, como a experiência do caderno de receitas. Foi com esse intuito que fiz do meu "Pequeno Alfarrábio de Acepipes e Doçuras" um livro caderno. A partir da página 170, o leitor passa a ser autor de suas próprias receitas e histórias de cozinha, nas páginas pautadas do livro.
Além desse uso, as cadernetas e blocos de viagem estão cada vez mais na moda, para a escrita desavisada e sem ordem definida. O viajante escreve da forma como se locomove pelas cidades desconhecidas. Afinal, andar pelo branco da folha com a própria letra é como caminhar pelos lugares e perceber o estranhamento do novo através dos cinco sentidos.
Além desse uso, as cadernetas e blocos de viagem estão cada vez mais na moda, para a escrita desavisada e sem ordem definida. O viajante escreve da forma como se locomove pelas cidades desconhecidas. Afinal, andar pelo branco da folha com a própria letra é como caminhar pelos lugares e perceber o estranhamento do novo através dos cinco sentidos.
Você ainda escreve à mão?
Com carinho,
Betina