sábado, 14 de janeiro de 2017

Programação da Vindima da Casa Valduga


Imagine-se, querido leitor, interrompendo suas atividades de trabalho já na quinta-feira ao meio-dia, em pleno verão. Para quem fica no calor da cidade, nos meses de janeiro e fevereiro, a pausa mais longa é um bálsamo. Você vai sair mais cedo naquela quinta por uma razão extraordinária: estará de partida para a Casa Valduga, em Bento Gonçalves. Essa razão, por si, já seria suficiente para aquele misto de alegria e entusiasmo que acompanha um final de semana prolongado. Acontece que seu motivo é outro: está indo para a festa da Vindima, organizada pela Famiglia Valduga para seus hóspedes. 
Na própria quinta, começo da tarde, você chega. Tem tempo de fazer aquela sesta e de passear, antes da noite, ocasião do jantar receptivo. 
A sexta-feira começa cedo: o café da manhã, ao som de piano, espera desde as 7:30. Às 10:00, há uma oficina de capeletti e outra de chimia de uva, consecutivas. Então, vem o almoço, com visita à Casa Madeira; às 14:00, ocorre a visita à Dommo e Cave de Pedra. À noite, o jantar é no Jardim Leopoldina, do Complexo Valduga, às 20:00.
No sábado, o café da manhã é sob os parrerais, às 8:00, e você sai para a experiência da colheita das uvas às 10:30. Em seguida, às 10:45, parte para o trabalho em campo nas videiras da família. A folga vem na hora do almoço, que é servido às 13:00: uma deliciosa comida típica italiana. À tardinha, às 17:00, você está no café da tarde, saboreando quitutes, embutidos, queijos, chimias e outras saborices locais. Às 18:00, faz a visita à Capela das Neves e, a seguir, à Unidade de Vinificação, às 19:00. Às 19:30 ocorre a pisa das uvas, momento especial de contato com a tradição. À noite, o jantar de encerramento tem início às 21:00. 
No domingo, o check-out é às 13:00, mas pela manhã você pode passear pelo Complexo, dormir até mais tarde e saborear o café da manhã, ou participar do curso de degustação de vinhos, oferecido pela Casa Valduga. O curso é gratuito para os hóspedes, mas é necessária a inscrição. Tem duração média de 4 horas. 
A experiência é de mergulho na cultura local, mesmo. Deleite-se em cada etapa da programação. No Turismo de Experiência, as atividades têm o propósito de colocar o viajante em contato com a vida do território, em várias facetas, propiciando nele a riqueza de sentir-se parte. O valor está na possibilidade de imergir em práticas da vindima, participar dos rituais de colheita e de pisa, pôr em ação os cinco sentidos e saborear a enogastronomia regional. A realização de uma vivência fora da rotina causa um estranhamento positivo ao cérebro e ao corpo, gerando prazer, curiosidade e motivação. A presença de um grupo envolvido na tarefa propicia a integração entre os participantes, também benéfica para a saúde. A realização das atividades da vindima faz de você um vindimadeiro, agregando aprendizado e alegria através de ações até então desconhecidas. 
Há outros pontos a comentar, mas por hoje fico aqui. No próximo post, novas reflexões e conversas sobre o tema. 
Visite aqui a  Programação da Vindima da Casa Valduga, clicando no link.

Na página da Casa Valduga, você encontra os pacotes de um, dois ou de três dias, e seus respectivos valores.
Telefone e email:  (54) 21053154 (Angélica Carraro)  ou reservas@famigliavalduga.com.br

Com carinho,
Betina

Tempo da colheita, colheita do tempo

Vindima: [ Do lat: vindemia]. S. f.  Colheita ou apanha de uvas; vindimadura. (...) 2. Uvas vindimadas. 3. P. ext. O tempo da vindima (1). 4. Fig. Colheita de qualquer fruto. 5.Granjeio, aquisição.

Outros termos: vindimadeiro/vindimador, vindimado, vindimadura, vindimal, vindimar, vindimo. 

Um desejo que sempre tive:  participar da colheita e da pisa das uvas. O encontro dos tecidos do vinhedo e da minha pele. Nas mãos, nos pés. Pele-raiz, que reconhece, nos cachos, natureza viva, pulsante como a sua. Me torno parte de um cenário até então desconhecido para mim. Surge o inusitado, o extraordinário, que dá à viagem um sentido especial, como algo que impregna minha bagagem afetiva. A vindima é uma experiência completa, nesse aspecto: vejo, escuto, toco, cheiro, degusto. Mergulho na prática da colheita e da pisa, no deleite de um café da manhã no parreiral, na diversão das oficinas de capeletti e de chimia de uvas. Saio a campo, com o grupo, realizando uma ação que se repete em tantos tempos e em tantos lugares; colhendo e pisando as uvas, passo a fazer parte desse ritual.  Escolho usar meus sentidos para essa novidade, colocando na tarefa minhas emoções e lembranças, meu corpo, as sensações. No turismo de experiência, este é o foco: tornar o vivido em algo significativo, que melhore o bem-estar e propicie o sentimento de pertencer  ao universo visitado.
Pois a Casa Valduga oferece essas riquezas ao hóspede, na programação de sua Vindima. Faz dele um vindimadeiro, conectando-o com essa prática ancestral. Coloca-o em contato com a cultura da colonização italiana no Rio Grande do Sul, com as tradições e memórias da Famiglia Valduga. Propicia que mergulhe na experiência de vindimar, tocando a vinha e sendo tocado por ela.

É o tempo da colheita. E a colheita do tempo.
 Entra em cena a sabedoria de espera que as uvas têm.A espera pelo tempo propício: paciência e perseverança. Na vindima, colhemos também essas virtudes. Byung-Chul Han, filósofo e escritor da Coréia do Sul, em seu livro "O aroma do tempo- um ensaio filosófico sobre a arte de demorar-se",  esclarece o sentido da espera, em especial na época ultraveloz do século XXI:
"O intervalo temporal se estende entre duas situações ou acontecimentos.O intermediário é um tempo de transição. (...). O intermediário que separa a partida da chegada é um tempo indefinido, em que se deve prever o imprevisível. Mas também é um tempo de esperança ou da espera que prepara a chegada."

De tudo isso, as uvas sabem. Por essa razão, não se apressam.
Vindimar é colher a sabedoria profunda que a natureza tem: o tempo propício.

Um dos principais desafios deste século é o de (re) aprender a demorar-se em uma prática, em um talento, em um hobby ou na vida cotidiana; a oportunidade da imersão nesse Turismo de Experiência da Casa Valduga promove esse atributo. Demorar-se, aqui, significa usufruir de algo na plenitude dos giros do relógio, sem desejar que corram em alta velocidade. Significa, de modo profundo, permitir-se vivenciar o estranhamento que a nova experiência provoca no Ser, tenha essa a duração que tiver. Precisamos retomar certa lentidão na vida, para que haja espaço de sentir. No ritmo frenético em que o mundo caminha, perceber a ação dos nossos cinco sentidos já não é natural em nós. É preciso tempo para sentir um aroma tocar nossa intimidade, ou para saborear um prato da infância. O imediatismo tira de nós a sensibilidade: suprimimos as percepções que requerem nosso foco, como o tato, o aroma e o paladar. Ver e ouvir, ações instantâneas, nos poupam trabalho de prestar atenção e de desenvolver a consciência. Estamos ficando preguiçosos na conexão com os cinco sentidos, portas de entrada de nossas emoções, memórias e reações físicas.

Pensando em tudo isso, decidi escrever sobre essa oportunidade. Participar da vindima é retomar o elo com o sentido do tato, ao tocar as uvas com as mãos, na colheita, e com os pés, na pisa. É conectar-se com o olfato, nos tantos aromas que a terra e as vinhas oferecem, e com o paladar, naquela uva roubada que levamos à boca, de surpresa. Sobretudo, é uma preciosa experiência multisensorial, que inclui a visão e a audição, além dos sentidos que referi. São experiências prazerosas como essas que ficam em nós, no corpo e nas emoções, ao retomarmos o cotidiano.O prazer é um sentimento do corpo, vivenciá-lo é dar voz à nossa vida física e anímica, ou seja, à saúde.

Na Vindima da Casa Valduga, são diversos os benefícios ao bem-estar:

-enriquecimento da percepção dos sentidos
- a prática do demorar-se
-O 'fazer parte'
- a vivência do ritual da colheita e da pisa
-a interação com o grupo de hóspedes, nas atividades propostas
-O contato com a cultura, a gastronomia e as tradições locais
-O conhecimento do território em suas belezas
- a conexão consigo mesmo, nas práticas que demandam o foco na percepção sensorial.
- a consciência de si
- a relação com os tempos da natureza
- e outras que o leitor imaginar.


No post a seguir, conto a programação.

Com carinho,
Betina








sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Bem-vindos!

Queridos leitores!

Faz um verão que eu exclamei "Santa Serendipity!!!", num  daqueles acasos felizes próprios das férias. A partir dali, volta e meia repito, agradecida pelas coincidências que a vida traz. Tinha encontrado pela Internet um restaurante cujo endereço desconhecia e, no dia seguinte, após uma longa caminhada, acabei chegando exatamente no local, sem qualquer planejamento. A expressão vingou, e sempre que algo me surpreende com alegria, lá estou eu exclamando. 

A serendipity não apenas é uma palavra que me agrada, ela  também  me acontece de fato, e há muito tempo. Em linhas gerais, representa o acaso feliz. Existe uma linda história que conta o porquê do termo, quero contar em um post. Quem conhece meu blog de cozinha, iniciado em março de 2012, sabe que não é nova a minha predileção por percorrer sem mapa cidades desconhecidas e aventurar-me sem métrica nas receitas culinárias. Muito do que já vivi e do que experimento na rotina e nas viagens é por serendipity, e até posso dizer que, de tanto vivenciar essas surpresas, já fico atenta quando algo sai do script. Não só como viajante, não só como quituteira, mas no meu próprio dia-a-dia, em tantas janelas de oportunidade que o cotidiano oferece. 

Venho sentindo essas ocasiões com muita freqüência, nos últimos tempos, talvez por uma disposição favorável e curiosa ao que se apresenta sem aviso. Resultado: felicidades possíveis. Não gigantes, não cósmicas. Simples, isso sim. E venho sentindo a importância de escrever sobre esses temas da vida diária, partilhando reflexões, leituras, ideias e dicas. 

O Serendipity in Cucina, meu blog de cozinha, continuará existindo, em regularidade quinzenal, às quintas-feiras. O fato é que eu precisava ampliar os campos de conversa para outras áreas da vida, diversas do saborear o preparo da comida e o deleite dos pratos, quitutes, doçuras. Cada vez mais pulsante vinha sendo, ao longo do ano, o desejo de falar sobre o saborear do tempo. 

As postagens serão aos sábados, podendo haver outras no intervalo, se algum assunto apontar no horizonte. Vou adorar comentários, então o convite à partilha é aberto. Vocês serão sempre bem-vindos! O espaço é de troca e de alegria.

Gracias pela visita!

Com carinho,
Betina